sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Andre Matos - The Turn of the Lights - 2012 - Japanese version



Banda: Andre Matos
Album: The Turn of the Lights 
Ano: 2012
Local: São Paulo - SP
Gênero: Heavy metal 

Membros:
Hugo Mariutti Guitars
Andre Hernandes Guitars
Andre Matos Vocals
Bruno Ladislaus Bass
Rodrigo Silveira Drums

Faixas:
1. Liberty 04:11  
2. Course of Life 05:40  
3. The Turn of the Lights 04:21   Show lyrics
4. Gaza 05:30  
5. Stop! 05:16  
6. On Your Own 05:40  
7. Unreplaceable 04:49  
8. Oversoul 05:30  
9. White Summit 04:00  
10. Light-Years 04:08  
11. Sometimes 03:23  
12. Wings of Reality
Also Japanese version includes bonus CD featuring the following songs:
1. At Least a Change (Viper cover)
2. I Don't Believe in Love (Queenryche cover)
3. Fake Plastic Trees (Radiohead cover)
4. 氷雨 (Japanese Enka cover)




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Andre Matos - The Turn of the Lights - 2012 - Versão japonesa

Notas:
(22 de agosto), foi lançado mundialmente o terceiro álbum solo de ANDRE MATOS. A expectativa por parte dos fãs era grande e ao mesmo tempo temerosa. O último álbum do cantor em carreira solo, "Mentalize", não obteve uma repercussão muito positiva entre boa parte dos fãs, principalmente aqueles que esperavam uma sonoridade no estilo do primeiro álbum, "Time To Be Free".
Antes de fazer uma análise técnica do álbum, deve-se pensar a forma como Andre gere sua carreira musical, seja dentro de suas bandas ou em carreira solo. Tanto no VIPER, como no ANGRA ou no SHAMAN, Matos nunca lançou dois álbuns com a mesma sonoridade.
No SHAMAN, o disco "Ritual" é recheado de sons pagãos e tribais, mesclado a vocais rasgados e agressivos, cozinha crua, direta e as sempre tradicionais influências clássicas. Em "Reason", vemos Andre utilizando um vocal mais limpo do que no disco anterior, músicas mais rebuscadas e líricas, mostrando um Shaman  mais emocional e menos técnico, sem deixar de lado os refrões grudentos e a qualidade singular do álbum anterior.
A carreira solo do cantor visivelmente estava caminhando para o mesmo lado. "Time To Be Free" talvez tenha sido um momento único de perfeição. O elo perfeito entre os estilos de Matos. Agressividade, peso e refrões grudentos? "Rio" , "Letting Go" e "Separate Ways". Baladas cativantes e pesadas? "Face The End". Lirismo contrastado com metal de primeira? "A New Moonlight" e "Endeavour". Todas as faixas se mantém em um nível de qualidade incrível e com potencial para se tornarem hits. Criatividade e inspiração em doses cuidadosamente inseridas na qualidade técnica.
No álbum seguinte, "Mentalize", Matos opta por uma atmosfera mais soturna, introspectiva. Lirismo em excesso e abuso da parte clássica ("Back To You" e A "Lapse In Time") do cantor são detectados com facilidade, porém sem em momento algum deixar a desejar. Elementos sacros, corais, introduções misteriosas ("When The Sun Cried Out" e "I Will Return") e recursos estilísticos que procuram criar um "estado de espírito" no ouvinte ("Someone Else" e "Mentalize) foram artifícios utilizados por Andre no conceito do disco. Também há músicas mais pesadas e rápidas (Don't Despair e Power Stream), que mantém o álbum no nível de qualquer outra obra musical do cantor. "Mentalize" é um álbum que considero injustiçado. A maior parte dos fãs que o despreza o faz por questão de gosto e não porque o álbum seja realmente ruim.
Como era de se esperar e levando em conta todo este diagnóstico dos parágrafos anteriores, chega a causar espécie que muitos fãs ainda esperem um "Time To Be Free 2" vindo do Tio Dedé. Se você é um deles, provavelmente ficará frustrado, da mesma maneira que os fãs do Shaman que esperavam uma nova "Fairy Tale" ficaram com o lançamento de "Reason".
Vamos ao que interessa. O conceito de "The Turn Of The Lights" é a reflexão sobre o atual momento da humanidade e como nossas ações refletem no mundo como um todo. O álbum é bem mais progressivo que os anteriores e conta com uma sonoridade moderna e revigorada, talvez pela entrada dos novos integrantes da banda, o baixista BRUNO LADISLAU e o baterista RODRIGO SILVEIRA.
A influência clássica de André nas texturas orquestrais dos pianos e teclados continua a mesma, porém com um novo tom, mais harmônico, mais aparente e com maior espaço dentro das canções.
As guitarras de Mariutti e Hernandes também obtém destaque, principalmente na base, onde aquela crueza e "sujeira" características dão lugar a uma cozinha limpa e uniforme, que consegue harmonizar com primor e singularidade tanto as canções mais pesadas quanto as baladas líricas do vocalista. A harmonia da base instrumental, o cuidado e inspiração de cada instrumentista em extrair o seu melhor nas faixas é um dos pontos altos do disco. Nenhum solo está ali por estar, o baixista faz muito mais que o "feijão com arroz" e sempre que há a oportunidade se sobressai, em complemento à canção.
HUGO MARIUTTI, como de praxe, se mostra um excelente músico, sabendo a hora de ser mais técnico e a hora de ir com calma e obter o melhor de seu instrumento, em harmonia sem quebras ou afobação em seus solos.
Andre está mais comedido no vocal, sem muitos excessos. Ele largou de vez o estilo de vocal rasgado do SHAMAN e que continuou a usar em doses homeopáticas na carreira solo e opta pelo que podemos ouvir em trabalhos mais recentes. Investe mais em seus médios, optando por agudos de maior dificuldade em raros momentos. Quem curte as mudanças de timbre de Matos dentro das canções, que provoca aquele interessante contraste, pode ficar um pouco decepcionado. Suas linhas vocais estão mais lineares e isso pode não agradar a muitos. O vocal está excelente como sempre, mas se tratando de Matos, ser excelente é quase que um requisito básico exigido pelos fãs, que esperam o vocalista surpreender com novos malabarismos vocais e notas sobre-humanas. Acredito que pelo conceito do álbum e também pela idade de Matos, cantar em tons extremamente agudos seria como dar um tiro no próprio pé.
O disco como um todo soa homogêneo e com faixas bem distribuídas entre músicas pesadas e baladas. Nas canções pesadas é menos agressivo e direto que "Time To Be Free" porém mais acessível que "Mentalize". Nas baladas não possui refrões tão grudentos e pegajosos quanto as do primeiro álbum, no entanto não abusa do lirismo e hermetismo do segundo.
Músicas cativantes e de nível indiscutível é o que se encontra neste terceiro disco do ANDRE MATOS. Uma banda madura, que une toda a sua experiência no cenário sem se acomodar no próprio sucesso. Um power/heavy metal de primeiríssima qualidade recheado de sonoridades modernas, recursos estilísticos criativos e toda a bagagem vocal e sinfônica de Matos em um único álbum.
Destaques para a faixa-título,"Course of Life" e "Unreplaceable".